Em todas as épocas, o território do concelho do Cartaxo foi um importante ponto de passagem para o interior do país, quer por via fluvial, através do Rio Tejo, quer por via terrestre. Uma via romana, que partia de Lisboa (Olisipo) e passava por Alenquer (Lerabriga), seguindo para Santarém (Scallabis), atravessava o território do concelho.
Antes dos romanos, outras civilizações fixaram-se na região, designadamente em castros situados em Vila Nova de São Pedro, Vale do Tejo ou nas regiões de Muge.
Situado em pleno Ribatejo, o Cartaxo foi uma das muitas povoações da região a ser vítima das lutas entre muçulmanos e cristãos hispano-godos. Dada a sua proximidade com Santarém – cujas muralhas foram bem disputadas entre muçulmanos e cristãos.
Na sequência dessas lutas e após a reconquista, o Cartaxo encontrava-se arruinado. D. Sancho II achou então importante repovoar a localidade, que possuía uma localização privilegiada e terrenos muito férteis. Concedeu esta sua terra, que incluía também o Cartaxinho (hoje Ribeira do Cartaxo), a Pedro Pacheco, que ficou encarregue de construir ali uma albergaria para os pobres – nem Pedro Pacheco nem os seus descendentes cumpriram tal obrigação.
Em 1312, o Cartaxo recebeu Carta de Foral, outorgada em Leiria pelo Rei D. Dinis, confirmada em 1487 por D. João II, em Santarém, e em 1496 por D. Manuel, também em Santarém.
A importância histórica do concelho pode ainda ser confirmada por outros factos, nomeadamente a Batalha de Ourique, que está provavelmente ligada a Vila Chã de Ourique (1139), a concessão de forais a Pontével pelo rei D. Sancho I (1194) e ainda a existência de Paços Reais em Valada (1361-1365).
Em meados do século XIX, o Cartaxo era um dos lugares mais populosos da Estremadura, na Comarca de Santarém, contando com mais de duas centenas de vizinhos.
O Cartaxo teve honras de vila em 1656, no testamento concedido por D. João IV à sua filha. A 10 de dezembro 1815, por alvará dado no Rio de Janeiro, D. João VI concede ao Cartaxo a independência administrativa. A 21 de junho de 1995 dá-se a elevação do Cartaxo a cidade.
Em muitos outros aspectos o concelho ganhou preponderância. Em finais do século XIX, em virtude das inovações tecnológicas introduzidas, o Cartaxo torna-se o centro de produção vitivinícola mais característico do Vale do Tejo, sendo grande parte dos seus vinhos transportados de barco para Lisboa, onde ganharam fama.
LENDA
Segundo reza a tradição, o nome “Cartaxo” foi atribuído a esta terra pela Rainha Santa Isabel que, numa viagem até ao Mosteiro de Almoster, terá aqui parado para repousar e saciar a sua sede.
Junto a uma fonte, terá ficado surpreendida com o bonito chilreio de um pássaro, que até então desconhecia. Perguntou a uns camponeses que por ali passavam que canto lindo e formoso era aquele que ouvia. Os homens que se dirigiam para os campos responderam-lhe com igual gentileza que o doce chilrear era produzido por pássaros chamados “cartaxos” ou “cartaxinhos”.
Encantada com este local tão agradável, a Rainha Santa Isabel terá ordenado que a terra, que até então se chamava “Lugar da Fonte”, passasse a receber a designação de “Lugar do Cartaxo”.
CARTA DE FORAL CONCEDIDA POR D. DINIS
A Carta de Foral é um diploma concedido pelo Rei, que determina as normas que disciplinam as relações entre os habitantes da terra e os deveres destes para com a entidade outorgante. Entre estas normas destacam-se as liberdades e garantias das pessoas e dos bens dos povoadores, os impostos e tributos, imunidades coletivas, serviço militar, entre outras.
A 21 de março de 1312, D. Dinis enviou pelo seu vassalo Garcia Martins a Carta de Foral “dando nascença ao Lugar do Cartaixo”. Neste foral, D. Dinis determinou a isenção do pagamento de impostos a todos os que plantassem vinhas nos cinco primeiros anos do aforamento.
Os povoadores a quem foi concedido o aforamento deviam dar em troca desta concessão “em cada ano a oitava parte do pam e do vinho e do linho” – principais produtos agrícolas produzidos na região.